A POESIA DE EUCANAÃ FERRAZ E A SUBJETIVIDADE INFANTIL
Resumo
Desde a infância, brincar em e com a linguagem, e o desejo de conceber essa prática enquanto combustível para a imaginação, possibilitam às crianças expressarem-se poeticamente enquanto aprendem em linguagem pelo componente lúdico. Os pequenos leitores, guiados pela experiência da novidade, vivem, assim como diz Gaston Bachelard, o imaginário aberto e sutil que a brincadeira, acompanhada de sentimentos de tensão, de alegria, de espontaneidade, potencializa no ato (jogo) lúdico. Dessa forma, a brincadeira também possibilita, como considera Johann Huizinga, o enriquecimento e aproximação com as experiências culturais das crianças, dentro daquilo que Donald Winnicott concebe como espaço potencial, onde a imaginação e criatividade tomam forma. Com esse entendimento, decidimos verificar a possibilidade de o poema ser visto como um objeto transicional entre as crianças e o ambiente vivo, estabelecendo relação com poemas de Eucanaã Ferraz – que se vê criança e brinca espontaneamente com as palavras em seus textos, dinamizando a ação imaginante das crianças – e a mediação oral, potencializada através da voz corporificada do adulto leitor (pais e professores), por intermédio da leitura compartilhada, admitindo o valor da linguagem poética proporcionada no convívio.
Publicado
2022-12-19